sábado, 23 de julho de 2011
sexta-feira, 22 de julho de 2011
PRONOMES RELATIVOS
Pronome relativo
É uma classe de pronomes que substituem um termo da oração anterior
e estabelece relação entre duas orações.
Não conhecemos o aluno. O aluno saiu.
Não conhecemos o aluno que saiu.
Como se pode perceber, o que, nessa frase está substituindo o termo aluno e está relacionando a segunda oração com a primeira.
Os pronomes relativos são os seguintes:
Variáveis
O qual, a qual
Os quais, as quais
Cujo, cuja
Cujos, cujas
Quanto, quanta
Quantos, quantas
Invariáveis
Que (quando equivale a o qual e flexões)
Quem (quando equivale a o qual e flexões)
Onde (quando equivale a no qual e flexões)
Emprego dos pronomes relativos
1. Os pronomes relativos virão precedidos de preposição se a regência assim determinar.
preposição pronome termo regente
exigida relativo
pelo verbo
Havia condições a que nos opúnhamos. (opor-se a)
Havia condições com que não concordávamos. (concordar com)
Havia condições de que desconfiávamos. (desconfiar de)
Havia condições - que nos prejudicavam. (= sujeito)
Havia condições em que insistíamos. (insistir em)
2. O pronome relativo quem se refere a uma pessoa ou a uma coisa personificada. Sempre precedido por uma preposição (a, contra, por, para, etc.)
3. Quando o relativo quem aparecer sem antecedente claro é classificado como pronome relativo indefinido.
4. Quando possuir antecedente, o pronome relativo quem virá precedido de preposição.
5. O pronome relativo que é o de mais largo emprego, chamado de relativo universal, pode ser empregado com referência a pessoas ou coisas, no singular ou no plural. é invariável
6. O pronome relativo que pode ter por antecedente o demonstrativo o (a, os, as).
7. Quando precedido de preposição monossilábica, emprega-se o pronome relativo que. Com preposições de mais de uma sílaba, usa-se o relativo o qual (e flexões).
8. O pronome relativo cujo (e flexões) é relativo possessivo equivale a do qual, de que, de quem. Deve concordar com a coisa possuída.
9. O pronome relativo quanto, quantos e quantas são pronomes relativos quando seguem os pronomes indefinidos tudo, todos ou todas.
Recolheu tudo quanto viu.
10. O relativo onde deve ser usado para indicar lugar e tem sentido aproximado de em que, no qual.
b) aonde é empregado com verbos que dão idéia de movimento e equivale a para onde, sendo resultado da combinação da preposição a + onde.
Os pronomes que, quem, onde, quando precedido de preposição, podem ser substituídos por o qual, a qual, os quais, as quais segundo o gênero e número do que substituir:
[ ... ]
É uma classe de pronomes que substituem um termo da oração anterior
e estabelece relação entre duas orações.
FAZEM REFERÊNCIA A ALGO JÁ MENCIONADO
Não conhecemos o aluno. O aluno saiu.
Não conhecemos o aluno que saiu.
Como se pode perceber, o que, nessa frase está substituindo o termo aluno e está relacionando a segunda oração com a primeira.
Os pronomes relativos são os seguintes:
Variáveis
O qual, a qual
Os quais, as quais
Cujo, cuja
Cujos, cujas
Quanto, quanta
Quantos, quantas
Invariáveis
Que (quando equivale a o qual e flexões)
Quem (quando equivale a o qual e flexões)
Onde (quando equivale a no qual e flexões)
Emprego dos pronomes relativos
1. Os pronomes relativos virão precedidos de preposição se a regência assim determinar.
preposição pronome termo regente
exigida relativo
pelo verbo
Havia condições a que nos opúnhamos. (opor-se a)
Havia condições com que não concordávamos. (concordar com)
Havia condições de que desconfiávamos. (desconfiar de)
Havia condições - que nos prejudicavam. (= sujeito)
Havia condições em que insistíamos. (insistir em)
2. O pronome relativo quem se refere a uma pessoa ou a uma coisa personificada. Sempre precedido por uma preposição (a, contra, por, para, etc.)
Não conheço a médica de quem você falou.
O escritor de quem eu te falei lançou mais um livro.
O escritor de quem eu te falei lançou mais um livro.
O rapaz com quem eu saí ontem era italiano.
Esse é o livro a quem prezo como companheiro.
Quem atravessou, foi multado.
João era o filho a quem ele amava.
5. O pronome relativo que é o de mais largo emprego, chamado de relativo universal, pode ser empregado com referência a pessoas ou coisas, no singular ou no plural. é invariável
Conheço bem a moça que saiu.
Não gostei do vestido que comprei.
Eis os instrumentos de que necessitamos.
Não gostei do vestido que comprei.
Eis os instrumentos de que necessitamos.
A moça que trabalha neste filme é minha prima.
A revista que comprei é cara.
6. O pronome relativo que pode ter por antecedente o demonstrativo o (a, os, as).
Sei o que digo. (o pronome o equivale a aquilo)
7. Quando precedido de preposição monossilábica, emprega-se o pronome relativo que. Com preposições de mais de uma sílaba, usa-se o relativo o qual (e flexões).
Aquele é o machado com que trabalho.
Aquele é o empresário para o qual trabalho.
Aquele é o empresário para o qual trabalho.
Cortaram as árvores cujos troncos estavam podres.
Recolheu tudo quanto viu.
10. O relativo onde deve ser usado para indicar lugar e tem sentido aproximado de em que, no qual.
Esta é a terra onde habito.
O país de onde eu vim fica na Asia.
O bairro onde eu moro é muito poluído
a) onde é empregado com verbos que não dão idéia de movimento. Pode ser usado sem antecedente.
Nunca mais morei na cidade onde nasci.
b) aonde é empregado com verbos que dão idéia de movimento e equivale a para onde, sendo resultado da combinação da preposição a + onde.
As crianças estavam perdidas, sem saber aonde ir.
Os pronomes que, quem, onde, quando precedido de preposição, podem ser substituídos por o qual, a qual, os quais, as quais segundo o gênero e número do que substituir:
O homen con o qual falei era o gerente. (=com quem)
A estrada pela qual passei era deserta. (=por onde)
No podemos, em português, usar o pronome QUE antecedido de artigo.
Comprei o cd de que te falei ontem. Não: comprei o cd do que te falei ontem.
Fonte: Marina Cabral -Especialista em Língua Portuguesa e Literatura - Equipe Brasil Escola Gramática - Brasil Escola
Fonte: Aula de Português do Programa Lenguas en los barrios. CABA.
CONHECENDO A HISTÓRIA DE SAMPA -Caetano Veloso - 1978
CONHECENDO A HISTÓRIA DE SAMPA
Caetano Veloso - 1978
"Sampa" surgiu em razão de um programa sobre São Paulo, realizado pela TV Bandeirantes, para o qual o produtor encomendara um depoimento a Caetano. Então, Caetano teve a idéia de fazê-lo sob a forma de uma canção, com uma longa letra em que expunha suas impressões sobre a cidade, canção que ele comporia em poucos minutos e que gravaria e, vídeo já no dia seguinte. A letra de "Sampa" registra referências a muita coisa que o autor considera importante na cidade como a poesia concreta dos irmãos Campos, as figuras de Rita Lee e os Mutantes e, em seu arremate, a declaração "e novos baianos te podem curtir numa boa", cantada sobre a frase melódica final do samba "Ronda" de Paulo Vanzolini, o que é um achado. Além de difundir a sigla, que o povo consagrou, "Sampa" impressiona como uma sincera homenagem do artista à cidade que o acolheu no início de sua carreira. Por exemplo, a esquina das avenidas Ipiranga e São João, que a canção converte numa referência na MPB, deve-lhe trazer boas recordações, pois fica apenas a algumas dezenas de metros do apartamento da avenida São Luís, onde ele morou na época. Quase um hino a São Paulo, com suas descrições, citações e reflexões. "Sampa" criou laços definitivos entre o poeta e a cidade, impondo-se como peça obrigatória em seu repertório, sempre que ele a visita.
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Blitz: Expressões
- de cabo a rabo
- ir andando
- ter graça
- mais essa agora!
- chegar-se
- segurar a língua
- sem mais nem menos
- pelo sim pelo não
- ar de entendido
Linguagem Coloquial: Blitz
- Seus documentos sao falsos - disse o PM, estão apreendidos.
Era uma blitz - mania brasileira de resolver os problemas no grito: proíbem, baixam o pau, prendem, para depois voltar tudo ao que era antes.
- Falsos por que? - espantou-se o dono do carro.
Ele vinha calmamente da praia de São Conrado, e de repente se viu cercado de soldados em frente ao Hotel Nacional. Detinham todos os carros e davam uma busca de cabo a rabo, olhando até dentro do motor. No seu, pelo menos, não encontraram nada - a nao ser a falsidade dos documentos, que o soldado invocava agora:
- Falsos porque aqui diz que o senhor tem porte de arma. E o senhor não esta armado.
Mais essa agora. Contando, ninguém acredita:
- O fato de eu ter porte de arma não me obriga a andar armado, qual é?
Tinha graça, ele na praia de revolver enfiado no calção de banho:
- Tá tudo bem, seu guarda, mas brincadeira tem hora. Me da os documentos que estou com pressa, preciso ir andando.
- Estão apreendidos.
Acabou perdendo a paciência:
- Apreendido é a ...
Nem bem ameaçou o palavrão, o soldado saltou sobre ele.
- Desacato à autoridade. O senhor esta preso.
- Preso? Que bobagem é essa?
Os outros soldados se chegaram e a coisa começou a ficar preta: eram mais de vinte. Veio o sargento saber o que se passava. Ele se explicou como pôde, segurando a lingua, mas o soldado insistia:
- Xingou a minha progenitora. Desacato à autoridade.
- Desacato a autoridade - confirmou o sargento gravemente.
Veio o tenente para conter seus subordinados, que já queriam acabar com a raça dele ali mesmo. Mas, não relaxou a prisão.
- Como é que o senhor, que parece um homem tão educado, vai xingando a mãe dos outros assim sem mais nem menos? Agora não tem perdão: preso por desacato à autoridade.
- Está bem, se querem me prender, me prendam - conformou-se ele, e foi acrescentando logo, com ar de entendido:
- Só que depois meto um processo em cima de todos por abuso de autoridade. E a pena por abuso de autoridade, vocês sabem disso, é muito maior que a de desacato. Olhou o número de placa de um carro que ia passando:
- Artigo 2365 do Codigo Penal, como vocês sabem.
Com essa, pelo sim, pelo não, acabaram concordando que o melhor era mesmo ele ir embora, com documentos e tudo.
[ ... ]
Era uma blitz - mania brasileira de resolver os problemas no grito: proíbem, baixam o pau, prendem, para depois voltar tudo ao que era antes.
- Falsos por que? - espantou-se o dono do carro.
Ele vinha calmamente da praia de São Conrado, e de repente se viu cercado de soldados em frente ao Hotel Nacional. Detinham todos os carros e davam uma busca de cabo a rabo, olhando até dentro do motor. No seu, pelo menos, não encontraram nada - a nao ser a falsidade dos documentos, que o soldado invocava agora:
- Falsos porque aqui diz que o senhor tem porte de arma. E o senhor não esta armado.
Mais essa agora. Contando, ninguém acredita:
- O fato de eu ter porte de arma não me obriga a andar armado, qual é?
Tinha graça, ele na praia de revolver enfiado no calção de banho:
- Tá tudo bem, seu guarda, mas brincadeira tem hora. Me da os documentos que estou com pressa, preciso ir andando.
- Estão apreendidos.
Acabou perdendo a paciência:
- Apreendido é a ...
Nem bem ameaçou o palavrão, o soldado saltou sobre ele.
- Desacato à autoridade. O senhor esta preso.
- Preso? Que bobagem é essa?
Os outros soldados se chegaram e a coisa começou a ficar preta: eram mais de vinte. Veio o sargento saber o que se passava. Ele se explicou como pôde, segurando a lingua, mas o soldado insistia:
- Xingou a minha progenitora. Desacato à autoridade.
- Desacato a autoridade - confirmou o sargento gravemente.
Veio o tenente para conter seus subordinados, que já queriam acabar com a raça dele ali mesmo. Mas, não relaxou a prisão.
- Como é que o senhor, que parece um homem tão educado, vai xingando a mãe dos outros assim sem mais nem menos? Agora não tem perdão: preso por desacato à autoridade.
- Está bem, se querem me prender, me prendam - conformou-se ele, e foi acrescentando logo, com ar de entendido:
- Só que depois meto um processo em cima de todos por abuso de autoridade. E a pena por abuso de autoridade, vocês sabem disso, é muito maior que a de desacato. Olhou o número de placa de um carro que ia passando:
- Artigo 2365 do Codigo Penal, como vocês sabem.
Com essa, pelo sim, pelo não, acabaram concordando que o melhor era mesmo ele ir embora, com documentos e tudo.
Fernando Sabino (adaptação)
sábado, 2 de julho de 2011
Datas e questões administrativas
Semana de 4 a 8/07 = Exames oficiais de final de quadrimestre.
Semana de 11a 15/07 = Última semana de aulas do Primeiro quadrimestre.
- FERIAS -
Semana de 22 a 26/08 = Começo do Segundo quadrimestre (aqueles que tenham aulas nas segundas-feiras começam uma semana depois porque dia 22 é feriado).
Nos dias 1, 2, 3, 4, 8, 9, 10, e 11 de agosto, no horário das 17h às 19h30, serão aplicados exames de nivelação para o ingresso de alunos novos.
Os alunos que faltarem a 3 aulas consecutivas perderão automaticamente a sua vaga no Programa. Exceção: por causa de doença, com atestado médico, ou de viagem, que tenha sido avisada com antecedência ao professor ou na secretaria.
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A.Puca
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pROGRAMA DE LÍNGUAS NOS BAIRROS CABA
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quarta-feira, 29 de junho de 2011
Dicionário Luft
dicionário Luft, tem regencia verbal.
Fuente: http://kaytros.blogspot.com/2010/09/download-dicionario-luft-de-regencia.html
terça-feira, 28 de junho de 2011
domingo, 12 de junho de 2011
CALAMIDADE PUBLICA - Caio Fernando Abreu
Ah, querida e heavy Sampa: a feiúra desabou sobre você como uma praga bíblica...
Nunca na minha vida casei, mas — imagino — minha relação com São Paulo é igual a um casamento.Atualmente, em crise. Como conheço bem esse laço, sei que apesar das porradas e desacatos, das queixas e frustrações, ainda não será desta vez que resultará em separação definitiva. No máximo, posso dormir no sofá ou num hotel no fim de semana, mas acabo voltando. Na segunda-feira, volto brava e masoquistamente, como se volta sempre para um caso de amor desesperado e desesperançado, cheio de fantasias de que amanhã ou depois, quem sabe, possa ter conserto. Este, amargamente, não sei se terá.
Porque está demais, querida Sampa. E sempre penso que pode ser este agosto, mês especialmente dado a essas feiúras, sempre penso que pode ser o tempo, tão instável ultimamente, sempre penso que pode ser qualquer coisa de fora, alheia à alma da cidade — para que seja mais fácil perdoar, esquecer, deixar pra lá. Não sei se é. As calçadas e as ruas estão esburacadas demais, o céu anda sujo demais, o trânsito engarrafado demais, os táxis tão hostis a pobres pedestres como eu... Cada vez é mais difícil se mexer pelas ruas da cidade — e mais penoso, mais atordoante e feio.
Feio é a palavra mais exata. A feiúra desabou sobre São Paulo feito as pragas desabavam dos céus, biblicamente. Uma feiúra maior, mais poderosa e horrorosa que a das gentes, que a das ruas. Uma feiúra que é talvez a soma de todas as pequenas e grandes feiúras aprisionadas na cidade, e que pairam então sobre ela, sobre nós, feito uma aura. Aura escura, cinza, marrom, cheia de fuligem, de pressa, miséria, desamor e solidão. Principalmente solidão, calamidade pública.
Fico fazendo medonhas fantasias futuristas. Lá pelo ano 2ooo, pegue Blade Runner, elimine Harrison Ford e empobreça mais — muito, muito mais —, encha de mendigos morando pelas ruas. Encha com gangs de pivetes armados até os dentes, assaltando e matando, imagine incêndios incontroláveis, edifícios abandonados ocupados por multidões sem casa. Por sobre tudo, espalhe um ar irrespirável, denso de monóxido de carbono, arsênico e sei lá quais outros venenos que li outro dia no jornal que o ar de São Paulo tem. Nem luz nas lâmpadas, nem água nas torneiras. E filas — muito maiores que essas de agora — para conseguir leite, carne, pão, arroz, feijão. Imagine em cada figura cruzada em cada esquina a possibilidade de um assassino. E em cada olhar mais demorado a sombra da morte, não do encontro ou da solidariedade.
Ah, heavy Sampa... Vacilo um pouco em fazer aquela linha clamar-aos-poderes, pedir a ação da prefeitura e dos políticos. Pela minha cabeça passa, intuitiva e espontaneamente, que tudo só pode ficar pior, à medida que o século e a miséria avançarem. E, se vocês elegerem Maluf para governador, juro: mudo de cidade. Acabo de vez este casamento, porque acredito ainda em certas coisas bem limpinhas que quero preservar em mim. E isso eu não vou permitir, querida Sampa: que nenhuma cidade, pessoa ou instituição acabe com essas coisas muito clarinhas e muito limpinhas (talvez por isso meio bobas, mas que se há de fazer? São elas que me mantêm vivo) resistindo aqui dentro de mim.
Antes de ficar feio, violento e sujo feito você anda, peço o desquite. Litigioso, aos berros. Vou pra não voltar: falar mal de você na mesa mais esquecida daquele canto mais escuro e cheio de moscas, no bar mais vagabundo do mais brega dos subúrbios de Asunción, Paraguai.
O Estado de S. Paulo, 20/8/1986 - In Pequenas Epifanias
Fuente:
http://semamorsoaloucura.blogspot.com/2007/05/calamidade-pblica.html
[ ... ]
Nunca na minha vida casei, mas — imagino — minha relação com São Paulo é igual a um casamento.Atualmente, em crise. Como conheço bem esse laço, sei que apesar das porradas e desacatos, das queixas e frustrações, ainda não será desta vez que resultará em separação definitiva. No máximo, posso dormir no sofá ou num hotel no fim de semana, mas acabo voltando. Na segunda-feira, volto brava e masoquistamente, como se volta sempre para um caso de amor desesperado e desesperançado, cheio de fantasias de que amanhã ou depois, quem sabe, possa ter conserto. Este, amargamente, não sei se terá.
Porque está demais, querida Sampa. E sempre penso que pode ser este agosto, mês especialmente dado a essas feiúras, sempre penso que pode ser o tempo, tão instável ultimamente, sempre penso que pode ser qualquer coisa de fora, alheia à alma da cidade — para que seja mais fácil perdoar, esquecer, deixar pra lá. Não sei se é. As calçadas e as ruas estão esburacadas demais, o céu anda sujo demais, o trânsito engarrafado demais, os táxis tão hostis a pobres pedestres como eu... Cada vez é mais difícil se mexer pelas ruas da cidade — e mais penoso, mais atordoante e feio.
Feio é a palavra mais exata. A feiúra desabou sobre São Paulo feito as pragas desabavam dos céus, biblicamente. Uma feiúra maior, mais poderosa e horrorosa que a das gentes, que a das ruas. Uma feiúra que é talvez a soma de todas as pequenas e grandes feiúras aprisionadas na cidade, e que pairam então sobre ela, sobre nós, feito uma aura. Aura escura, cinza, marrom, cheia de fuligem, de pressa, miséria, desamor e solidão. Principalmente solidão, calamidade pública.
Fico fazendo medonhas fantasias futuristas. Lá pelo ano 2ooo, pegue Blade Runner, elimine Harrison Ford e empobreça mais — muito, muito mais —, encha de mendigos morando pelas ruas. Encha com gangs de pivetes armados até os dentes, assaltando e matando, imagine incêndios incontroláveis, edifícios abandonados ocupados por multidões sem casa. Por sobre tudo, espalhe um ar irrespirável, denso de monóxido de carbono, arsênico e sei lá quais outros venenos que li outro dia no jornal que o ar de São Paulo tem. Nem luz nas lâmpadas, nem água nas torneiras. E filas — muito maiores que essas de agora — para conseguir leite, carne, pão, arroz, feijão. Imagine em cada figura cruzada em cada esquina a possibilidade de um assassino. E em cada olhar mais demorado a sombra da morte, não do encontro ou da solidariedade.
Ah, heavy Sampa... Vacilo um pouco em fazer aquela linha clamar-aos-poderes, pedir a ação da prefeitura e dos políticos. Pela minha cabeça passa, intuitiva e espontaneamente, que tudo só pode ficar pior, à medida que o século e a miséria avançarem. E, se vocês elegerem Maluf para governador, juro: mudo de cidade. Acabo de vez este casamento, porque acredito ainda em certas coisas bem limpinhas que quero preservar em mim. E isso eu não vou permitir, querida Sampa: que nenhuma cidade, pessoa ou instituição acabe com essas coisas muito clarinhas e muito limpinhas (talvez por isso meio bobas, mas que se há de fazer? São elas que me mantêm vivo) resistindo aqui dentro de mim.
Antes de ficar feio, violento e sujo feito você anda, peço o desquite. Litigioso, aos berros. Vou pra não voltar: falar mal de você na mesa mais esquecida daquele canto mais escuro e cheio de moscas, no bar mais vagabundo do mais brega dos subúrbios de Asunción, Paraguai.
O Estado de S. Paulo, 20/8/1986 - In Pequenas Epifanias
Fuente:
http://semamorsoaloucura.blogspot.com/2007/05/calamidade-pblica.html
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